Pesquisadora denuncia racismo após ter entrada negada na França mesmo com visto válido
Márcia Cristina relatou momento de tensão em viagem de lazer
Pesquisadora brasileira denunciou racismo após ser impedida de entrar na França, mesmo com visto válido, e relatou situações de intimidação e irregularidades durante o ocorrido.
A pesquisadora Márcia Cristina Rodrigues Silva, de 31 anos, relatou por meio das redes sociais momentos de tensão que viveu durante uma viagem entre Portugal e França em maio deste ano.
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Márcia é estudante de doutorado em Ciências do Meio Ambiente na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e escolheu a cidade de Porto, em Portugal, para fazer parte de sua formação.
Com o término de seus estudos em Portugal, ela resolveu aproveitar seus dias de folga para conhecer a capital sa. No entanto, o sonho acabou se tornando um pesadelo. A cientista contou que foi barrada no Aeroporto de Beauvais-Tillé, a cerca de 90 km de Paris, mesmo em posse de um visto válido para visitar o país.
"Meu visto de estudante foi aprovado pela AIMA, que é o órgão responsável por autorizar a permanência de estrangeiros em Portugal. Segundo as informações disponíveis, com esse visto, eu poderia circular pelo Espaço Schengen, que inclui a França", escreveu a doutoranda.
Segundo a pesquisadora, ela foi levada por policiais a uma sala reservada, onde retiveram o seu aporte. "Sempre que tentava mostrar meus documentos ou usar o celular para explicar a situação, ele colocava a mão na arma, me intimidando", continuou.
Márcia contou que foi obrigada a um documento, mas que não entendeu o que estava escrito nem sequer chegou a receber uma cópia: "Disseram que eu estava proibida de entrar novamente na União Europeia, como se Portugal, onde resido legalmente, não fizesse parte desse espaço".
Horas depois, ela foi escoltada até o avião, onde viajou para Lisboa. Chegando à capital portuguesa, a cientista procurou o Consulado-Geral do Brasil, onde foi informada que os documentos estavam corretos e que ela estava apta a entrar na França. "Eles também não entenderam o motivo do ocorrido", disse.
Nas redes sociais, ela complementou: "O racismo é enlouquecedor. Ser uma pessoa preta no Brasil e no mundo é enlouquecedor. Agradeço a todas as pessoas que estão se inteirando do que aconteceu comigo e se solidarizando com palavras e mensagens de acolhimento'.
Em vídeo publicado em seu perfil do Instagram nesta quarta-feira, 11, a pesquisadora agradeceu pelo apoio que tem recebido e afirmou que já está de volta ao Brasil. "Eu estou tomando todas as medidas cabíveis e, assim que eu tiver qualquer tipo de retorno, eu o aqui para vocês", concluiu.
O Terra entrou em contato com o Itamaraty e aguarda um retorno.